A criação de planos de drenagem para o enfrentamentos de enchentes e enxurradas foi tema de reunião, nessa segunda-feira (3), no Palácio dos Bandeirantes, entre representantes do governo paulista e de 53 municípios, entre os mais afetados pelo excesso de chuva. Eles discutiram a importância de criar planos de drenagem, essenciais para liberar a utilização de recursos para obras de pequena monta e o envio de maquinário, além de incluir as cidades no planejamento de obras maiores, como piscinões, e outras soluções de macrodrenagem.
Segundo a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natalia Resende, “se você não tiver plano é muito difícil saber o que fazer no município, qual a obra necessária. Nisso, o consórcio é muito importante, ajuda a perceber onde investir, e está aí a importância de fazer uma abordagem integrada”. De acordo com a gestora, o plano é realizar, ainda este ano, o planejamento de médio prazo e, em seguida, planejar até 2050, considerando o que já se sabe sobre as mudanças climáticas. Hoje, cerca de um terço dos municípios paulistas conta com planos de drenagem, realidade que impede investimentos mais qualificados e atuação pensando nas bacias hidrográficas como um todo. Por isso, os gestores dessas bacias e dos consórcios municipais, que Natalia considera agentes-chave na construção do plano, serão incluídos.
Notícias relacionadas:Defesa Civil mantém alerta para chuvas em São Paulo.São Paulo registra 18ª morte por causa das chuvas.Chuvas deixam cidade de SP em estado de atenção para alagamentos.A reunião não avançou muito, porém, na atuação de curto prazo. Embora o coronel Ricardo Hengel, à frente da Defesa Civil estadual, tenha participado, a pasta não apresentou soluções além do apontado na reunião feita com prefeituras na semana passada. No encontro, foram reforçados os acordos estabelecidos no começo do Plano Verão, que é o conjunto de diretrizes de resposta e regras de atuação conjunta entre estado e municípios paulistas. Apesar de um salto de qualidade em relação a anos anteriores, as respostas do plano permanecem reativas aos desastres, no que se refere à prevenção de danos materiais. No entanto, cenários como os das chuvas do último final de semana, quando famílias foram deslocadas preventivamente no Guarujá, demonstram avanço em relação a situações extremas na defesa de vidas.
Natália Resende destacou a importância da capacitação dos gestores no acesso aos recursos de microdrenagem e apoio material presentes no Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), de onde serão liberados mais de R$ 64 milhões, condicionados aos planos de drenagem. Haverá também um escalonamento de investimentos de macrodrenagem, com prioridade para as regiões de Jaboticabal, Suzano, Juquery e Franco da Rocha, área que teve 2 mil desalojados nas chuvas da última sexta-feira, apesar da inauguração de um piscinão em janeiro. A secretaria aguarda ainda o lançamento de uma série de editais de saneamento e drenagem até o final do ano, que comporão lote de leilões sob a coordenação da Secretaria de Parcerias, modelo que tem sido adotado desde o Marco do Saneamento, em julho de 2020, em âmbito federal.
Uma das prefeituras presentes ao encontro foi a de Jaú. Segundo Rodrigo de Paula, coordenador da Defesa Civil local, a renovação do plano deve ser tranquila, mas se mostra como um esforço contínuo. A cidade já contabilizou 16 áreas de risco e tem como principal grupo de atendimento os moradores de áreas próximas ao Rio Jaú, devido à ampliação das áreas de risco com o processo de erosão e seu impacto nas galerias pluviais e na microdrenagem. “Nas últimas chuvas deste mês, identificamos mais três pontos que antes não tinham insuficiência de drenagem e agora passam a ter”, informou o gestor.