Com a presença de líderes de diversas instituições públicas uma reunião na noite deste domingo (16) na sede do governo de Mato Grosso do Sul foi feita para discutir estratégias em um esforço conjunto e contínuo no combate à violência contra a mulher no estado. Foi uma reunião para marcar reunião, considerando que não foram apresentadas ações concretas nem mudanças, mesmo após a presença do Ministério das Mulheres na Capital.
O encontro contou com a presença do governador Eduardo Riedel, secretários de Estado, além de representantes do Judiciário e do Ministério Público. Vale lembrar que essa reunião aconteceu após o feminicídio cometido contra a jornalista Vanessa Ricarti que foi morta pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, no dia 12 de fevereiro, poucas horas após conseguir uma medida protetiva.
Apesar de ter sido exposto em entrevista coletiva da DEAM que Vanessa teria rejeitado abrigo na Casa da Mulher Brasileira, um áudio da vítima veio a tona onde ela narrou ter sido atendida com descaso na unidade policial. Mesmo diante desse fato, o governador não citou o caso em seu pronunciamento pós reunião, apenas genericamente no vídeo gravado para as redes sociais.
“Esta reunião é crucial diante dos acontecimentos recentes, não apenas em nosso estado, mas em todo o Brasil e no mundo, relacionados à violência contra as mulheres. Discutimos ações que precisam ser aprimoradas e implementadas para reduzir essa preocupação da nossa sociedade”, afirmou Riedel.
Após a reunião para marcar outra reunião, o governador destacou que, somente em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira concedeu mais de 5 mil medidas protetivas de urgência em 2024, o que equivale a menos de duas medidas por hora. No total, em todo o Mato Grosso do Sul, mais de 13 mil medidas protetivas foram concedidas no mesmo período, representando uma medida a cada 40 minutos no estado.
“Entretanto, não temos obtido os resultados desejados, pois os casos de feminicídio e tentativas de feminicídio continuam a ocorrer. Essa é a minha angústia e um apelo para que todos se unam em torno de ações concretas que tragam resultados e reduzam a frequência desses crimes em Mato Grosso do Sul”, reconheceu Eduardo Riedel sem citar a grave falha no caso de Vanessa que foi – segundo a própria Vanessa, orientada a voltar para casa após procurar a delegacia pela segunda vez no mesmo dia.
“É importante ressaltar que as instituições estão mobilizadas, e esse é o primeiro passo para que possamos, em breve, alcançar resultados diferentes. Se o modelo atual não tem gerado os resultados esperados, precisamos adaptá-lo”, enfatizou o governador sem dizer, no entanto, quais serão essas ações.
Segundo Riedel, essa mudança deve incluir ações concretas para um novo direcionamento nos processos dentro da Casa da Mulher Brasileira, que recentemente completou 10 anos e é considerada uma conquista significativa para Mato Grosso do Sul. Propostas de inovações tecnológicas nos processos também estão em pauta para discussão.
“Nos últimos dez anos, foram gerados 80 mil boletins de ocorrência ali, e precisamos dar continuidade a esse trabalho, fortalecendo a resposta que esse equipamento pode oferecer à sociedade sul-mato-grossense”, finalizou o governador sem dizer o que realmente será feito.
A reunião, que teve como objetivo fortalecer a rede de proteção às mulheres vítimas de violência e reformular o modelo atual, contou com a presença dos secretários Viviane Luiza (Cidadania), Antonio Carlos Videira (Justiça e Segurança Pública), Patrícia Cozzolino (Assistência Social e Direitos Humanos) e Rodrigo Perez (Governo e Gestão Estratégica), além da subsecretária Manuela Bailosa (Políticas Públicas para Mulheres) e do delegado-geral da Polícia Civil, Lupérsio Degerone.
O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Dorival Renato Pavan, a desembargadora Jaceguara Dantas Da Silva, que lidera a campanha #TodasPorElas, e o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, Romão Avilla Milhan Junior, também estiveram presentes na reunião na governadoria.
Ela foi realizada no dia que Vanessa Ricarti faria 43 anos. Mas ela está morta. Mais uma vítima da “falha no sistema”.