Na segunda-feira de Carnaval, uma jornalista foi brutalmente agredida pelo companheiro enquanto segurava a filha bebê no colo. O agressor, no entanto, foi solto após uma decisão polêmica do desembargador responsável pelo caso, que sequer considerou as provas apresentadas ou o depoimento da vítima.
Na decisão, consta que o músico foi solto porque “apenas tentou se defender dos ataques verbais e físicos cometidos pela suposta vítima, não havendo qualquer ato q exue desabone sua conduta” e que também dificilmente o suspeito será condenado para cumprir pena em regime fechado. “Dada cominação em abstrato fixada para crimes domésticos e por ser primário, o que não justifica permanecer no cárcere aguardando o desfecho do processo crime”.
Porém a versão contada pela vítima, contesta a tese de legítima defesa, pois de acordo com ela, o autor foi submetido a exam de corpo de delito.
A jornalista conta que no dia das agressões, ela e o autor estavam na casa de amigos durante o dia, em uma reunião agradável e sem qualquer desentendimento. A volta para casa também foi tranquila e sem discussões. A jornalista estava no banco de trás do veículo junto à sua filha de 8 meses.
Ao chegar em casa, quando foi abrir a porta, foi surpreendida com uma série de agressões por parte do companheiro, mesmo com a filha no colo. Ela não teve como se defender das agressões e pensou apenas em proteger a filha.
Segundo a vítima, que decidiu expor sua história diante da falta de amparo do Estado, a decisão judicial impôs apenas o uso de tornozeleira eletrônica ao agressor, proibindo-o de se aproximar a menos de 200 metros da residência dela. “No final das contas, quem está presa sou eu, que não posso ir nem ir ao mercado do bairro, mas eu continuo vivendo com medo”, desabafou.
Além da soltura inesperada, a vítima denuncia que a decisão prevê que o agressor possa ter acesso à filha do casal, apesar das evidências da agressão ocorrida com a criança no colo. “Isso é uma palhaçada. A gente vê casos como o da Vanessa, que morreu em uma situação semelhante. Falta Estado para proteger as mulheres. Eu sou jornalista, ele é músico, não nos falta instrução, mas falta segurança”, lamenta.
Agora, com o agressor solto, a jornalista pretende dar visibilidade ao caso. “Ontem ele foi solto e eu decidi abrir a boca. Não dá para aceitar que seja assim. Quero entender como podemos trabalhar esse assunto para que outras mulheres não passem pelo que estou passando”, finaliza.