A Terra Indígena Lagoa Panambi, localizada em Douradina, Mato Grosso do Sul, foi alvo de um ataque violento na tarde deste sábado. Um jovem morreu.
A morte do jovem identificado como Neri Guarani Kaiowá foi divulgada pelo CIMI (Conselho Indiginista Missionário), órgão ligado à Igreja Católica.
Os indígenas e policiais teriam entrado em confronto na Fazenda Barra, uma das áreas alvos da retomada, como é definida pelos povos originários. Produtores rurais definem como invasão.
De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), dez indígenas ficaram feridos durante o incidente.
As organizações de defesa dos direitos indígenas relataram que homens armados, em caminhonetes, dispararam contra membros das etnias Guarani e Kaiowá. O território, que estava sob a proteção de agentes da Força Nacional, ficou desprotegido após a retirada dos agentes.
“A Força Nacional simplesmente se retirou do local e deixou as comunidades totalmente desprotegidas ao ataque dos capangas e ruralistas”, denunciou a Apib em suas redes sociais.
Segundo o Cimi, dois dos indígenas feridos estão em estado grave, enquanto outros seis foram levados para o Hospital da Vida. Após o conflito, a Força Nacional retornou ao território.
“Queremos saber a razão de a Força Nacional ter saído daqui. Os agentes saíram, e o ataque aconteceu. Parece que foi combinado. Queremos entender”, afirmou um indígena Guarani e Kaiowá.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSol-MG) também denunciou o ataque em suas redes sociais. “Nosso mandato recebeu informações de que milicianos ruralistas e seus capangas estão atacando violentamente as retomadas Guarani e Kaiowá, Kurupa Yty e Pikyxyin neste momento, no MS!”, escreveu a parlamentar.
O Ministério dos Povos Indígenas condenou o ataque e ressaltou que as retomadas estão sendo realizadas em território já delimitado pela Funai em 2011. “O documento segue válido, porém o andamento do procedimento demarcatório se encontra suspenso por ordem judicial”, destacou o órgão.
Uma equipe do ministério, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Ministério Público está no território para prestar o auxílio necessário aos indígenas.
Em nota emitida pelo Governo do Estado,, durante uma reunião do governador Eduardo Riedel realizou com integrantes da Segurança Pública do Mato Grosso do Sul para esclarecimentos sobre morte de um indivíduo, inicialmente identificado como indígena da etnia Guarani Kaiowá, no município de Antônio João, nesta quarta-feira (18). O óbito ocorreu depois de um confronto e troca de tiros com a Polícia Militar em uma região rural da cidade, na fronteira com o Paraguai.
O secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os policiais militares que estão no local (100 homens) cumprem ordem judicial (da Justiça Federal) para manter a ordem e segurança na propriedade rural (Fazenda Barra), assim como permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda. O conflito na região se arrasta há anos, no entanto a situação se acirrou nos últimos dias.
Além da disputa por terra, também foi apurado pela inteligência policial que há interesses de facções criminosas relacionadas ao tráfico de drogas, já que há diversas plantações de maconha próximas a fazenda, do lado paraguaio, pois a região está na fronteira entre os dois países.
As equipes de perícia já estão no local da morte para devida identificação e apuração dos fatos. Foram apreendidas armas de fogo com o grupo de indígenas que tentava invadir a propriedade e todo este material será coletado para formação de um relatório que será entregue em Brasília.