Na manhã de ontem (18), uma grande operação conjunta do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) foi deflagrada nas cidades de Campo Grande, Água Clara, Rochedo e Terenos. O objetivo era cumprir 11 mandados de prisão preventiva e 39 mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre fraudes em licitações.
Um dos principais alvos da operação foi Fernando Passos Fernandes, diretor de licitação de Rochedo e filho do atual prefeito, Arino Fernandes (PSDB). Fernando já havia sido investigado anteriormente na Operação Turn Off, que envolvia fraudes em licitações para a compra de equipamentos de fisioterapia e informática no município.
Outro acusado de destaque é Renato Franco do Nascimento, servidor de Rochedo, lotado na Secretaria de Finanças e Licitação, acusado de colaborar diretamente com as fraudes e facilitar a aprovação dos processos licitatórios fraudulentos. A secretária de Finanças de Água Clara, Denise Rodrigues Medis, também é apontada como participante na manipulação dos processos licitatórios para favorecer empresas parceiras do esquema.
Além deles, Ana Carla Benette e Jânia Alfaro Socorro, servidoras da Secretaria de Educação de Água Clara, foram alvos de prisão preventiva sob suspeita de envolvimento nos esquemas fraudulentos. Empresários também foram presos, suspeitos de criar empresas que operavam em diversas frentes comerciais para favorecer contratos públicos fraudulentos.
A operação, batizada de Operação Malebolge, visava desarticular um esquema criminoso que desviou mais de R$ 10 milhões através de licitações fraudulentas para a compra de uniformes e outros materiais. A investigação revelou a existência de uma organização criminosa operando em Água Clara e Rochedo, com núcleos distintos, mas interligados por um mesmo modus operandi.
A operação foi desencadeada a partir de provas obtidas na Operação Turn Off, realizada em 2023, que apurou crimes semelhantes relacionados ao fornecimento de materiais para o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), no centro da fraude estava um empresário que articulava o esquema, corrompendo servidores públicos e contando com o apoio de outros empresários.
O prefeito de Rochedo, Arino Jorge Fernandes (PSDB), afirmou que a operação não tem relação com sua gestão atual, destacando que está na prefeitura há apenas 40 dias. A operação contou com o apoio do Batalhão de Choque e do Bope. O nome “Malebolge” faz referência à região do Inferno descrita na obra “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, onde fraudadores e corruptos são punidos. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e rastrear os valores desviados.