Na noite de hoje (04), no julgamento do caso de Sophia Jesus Ocampos, Stephanie de Jesus da Silva prestou seu depoimento diante do juiz José Arturo Iunes Bobadilha Garcia e da promotora Lívia Acara Guadalupe Bariani. Durante a sessão, foram feitas várias perguntas sobre sua relação com Jean, pai biológico de Sophia, e com Christian Campoçano Leitheim, seu então parceiro.
Stephanie iniciou seu depoimento explicando que a separação do pai de sua filha não foi sua escolha, mas uma decisão tomada por Jean, que a teria abandonado quando Sophia tinha apenas nove meses. Ela detalhou que foi Jean quem procurou meios legais para formalizar o divórcio.
Durante o depoimento, Stephanie revelou que começou a desconfiar do comportamento de Christian quando Sophia passou a chorar mais do que o normal e a demonstrar medo excessivo. Sophia chamava Christian de “papai” e dizia que ele era bravo, o que aumentou as suspeitas de Stephanie de que algo estava errado.
Apesar de pertencer a uma família de classe média, Stephanie afirmou que não buscou ajuda da Defensoria Pública nem contratou advogados devido ao medo das ameaças constantes de Christian. Ela descreveu Christian como uma figura ameaçadora que a intimidava, alegando que ele sempre tinha uma desculpa para as marcas de violência encontradas em Sophia, atribuindo-as a quedas ou mordidas de seu irmão, Yuri.
Stephanie explicou que, apesar de ter conhecimento dos maus-tratos e das ameaças, sentia-se impotente para procurar ajuda devido à intensidade das ameaças de Christian. Ele a sufocava e a ameaçava constantemente, o que a fez temer pela segurança de seus filhos.
Ao ser questionada sobre sua incapacidade de romper a relação devido ao medo, Stephanie afirmou que não era o medo de romper o relacionamento que a impedia, mas o temor do que Christian poderia fazer a ela e aos filhos. Ela relatou casos em que Christian havia ameaçado sequestrar sua filha Stella e entregá-la ao pai biológico de Sophia.
Stephanie expressou seu profundo arrependimento, dizendo que preferia estar no lugar de sua filha falecida. “Eu queria que fosse eu hoje, debaixo da terra, do que a minha filha. Mil vezes,” desabafou.
A promotora Lívia Carla Guadagnari destacou que, apesar de Stephanie relatar os abusos e maus-tratos, ela não tomou nenhuma ação para proteger sua filha, o que, na visão do Ministério Público, caracteriza omissão na prática do delito. A promotora questionou Stephanie sobre sua calma aparente durante o trajeto de Uber até a UPA, onde Sophia foi levada já sem vida. Stephanie respondeu que, embora não estivesse gritando, estava desesperada e aflita, realizando massagem cardíaca e respiração boca a boca na filha durante o percurso.
Stephanie também foi questionada sobre o uso de drogas e álcool em sua residência. Ela admitiu que havia consumo de bebidas alcoólicas e drogas, mas afirmou que fingia usar drogas para evitar problemas. Ela confirmou que Matheus, Wellington, Eric, Christian e ela mesma compraram drogas em algumas ocasiões, mas ressaltou que não gostava dessa prática e frequentemente brigava com Christian por causa disso.
O depoimento de Stephanie trouxe à tona um cenário de medo, controle e violência que a defesa afirma ter marcado sua relação com Christian. O julgamento continuará com o depoimento de outras Christian, trazendo mais detalhes sobre este trágico caso e continua amanhã (5), quando dever ser dada a sentença.