Essa nao é uma matéria. É uma despedida. Nesta segunda-feira (18) o dálmata Rui Marcelo, da editora e idealizadora do site A Onça partiu. Vítima de um câncer. Para alguns, seria apenas um cachorro, mas para quem ama cães, é a história de uma vida.
Quando a gente assume ter um cão ou um pet, assume a responsabilidade de uma vida. E com certeza muitas pessoas já passaram por isso.
Escrever é concretizar sentimentos no papel, dividir emoções e quem sabe despertar o melhor das pessoas.
Divido aqui minha Carta ao Rui Marcelo, o melhor dálmata do mundo.
“O amor de pintas da minha vida! Meu sonho pintado.”
No dia 16 de novembro de 2014 eu e você nos encontramos. Foi amor a primeira lambida e eu sabia que estava realizando um sonho.
Meu RUI MARCELO.
Desde então nunca nos desgrudamos.
Cada coisa que passamos juntos. Você já comeu nota de R$ 100 e quebrou duas portas de blindex. Também já me trancou para fora do portão só de toalha. Quebrou a mesa de mármore.
Lembra quando você comeu todo o arroz marroquino do réveillon? E quando você matou o galo do vizinho e deu até policia?
Também me lembro das milhares de vezes que rimos juntos. Que corremos. Que fizemos parto da Morena. Que comemos frutinhas picadas.
Nossas viagens, até pelo Samu já foi “escoltado”…
Você, mesmo com tanto tamanho dormia em meus braços e depois que Ana nasceu, até tentou dormir um pouco longe, mas a gente burlava até o ciúmes dela.
O melhor sofá da casa? O seu, claro. Cobertas de dálmatas que eram rasgadas. As meias sumidas e tantas roupas recolhidas do varal. Brinquedos da Ana que você catava e saía correndo.
A gente cantando o hino do Botafogo.
Lembra quando você pulou a janela da cozinha? E quando subiu no teto do carro?
Mesmo assim eu falava:
– Papi do céu pintou cada pintinha a mão para mandar você de presente para mim.
Cada pinta linda e eu sabia quando nascia uma nova. Porque não houve um só dia que eu não te abraçasse.
Ah Rurru, não sei como será a partir de agora sem te chamar o tempo todo.
Ruuuuuui. Rurru. Pinta Sim, Pinta Não Safado. Meu rei das pintas.
O meu sonho pintado. O meu amor de pintas. Saco de pulgas da tia Naidi buzanfa de Pato. Rurru do papai.
Papai do céu pintou cada pintinha sua a mão, e agora você partiu.
Porque um cachorro que nem você não morre não. Um dog igual você vira lenda e estrela no céu.
E eu vou guardar comigo seu cheiro, seu latido, as risadas das suas fugas, das suas milhares de traquinagens durante seus quase nove anos comigo.
Foram oito anos, 10 meses e 1 dia que fomos muito felizes.
Papai do céu pintou a mão cada pintinha sua para me fazer feliz.
Você cumpriu sua missão.
Você foi sem dúvida, o melhor cachorro do mundo. Obrigado.
Eu amo você, meu Rui Marcelo.