31 de maio é o Dia Mundial sem Tabaco; Campo Grande tem a quarta maior taxa de tabagismo entre as capitais brasileiras
O Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de forma a alertar para as mortes evitáveis relacionadas ao hábito de fumar. Nas últimas décadas o programa nacional vem combatendo com sucesso o tabagismo, que nos anos 80 chegava a atingir 40% da população do País. Na contramão, outras formas de consumo do tabaco, como o narguilé e aumento exponencial do uso de cigarros eletrônicos vêm impondo grandes desafios, especialmente quanto ao público jovem. Embora não contenham tabaco, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) se enquadram no mesmo grupo por conter nicotina, conforme explica o pneumologista da Unimed Campo Grande, Dr. Henrique Ferreira de Brito.
A última pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, de 2023, aponta que em Campo Grande 12,5% das pessoas com mais de 18 anos fumam, a quarta maior taxa entre as capitais do País, atrás apenas de Porto Alegre (13,8%), Florianópolis e Curitiba – essas últimas com índice de fumantes de 13,7%, ambas. Entre os homens, o cenário é ainda pior, as capitais de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina ocupam a segunda posição, com 17% de fumantes.
De uma maneira geral, o tabagismo está ligado a mais de 60 tipos diferentes de doenças, vários tipos de câncer, como o de pulmão e o de bexiga; além de enfisema; problemas cardíacos, entre outros. Mesmo o hábito de mascar fumo, com absorção pela mucosa da boca, é prejudicial. O médico assevera que o cigarro tem mais de 4 mil substâncias nocivas ao organismo, sendo a principal a própria nicotina, que além de causar dependência é vasoconstritora. Também há concentração de alcatrão e monóxido de carbono e outras substâncias que causam diversos tipos de doenças. “O cigarro é capaz de causar inflamação em toda a parte respiratória, favorecendo infecções pulmonares e doenças irreversíveis, como o enfisema”. Os problemas se estendem aos vasos sanguíneos e a inflamação crônica pode levar à mutação de células e ao câncer.
Quanto aos DEFs, a literatura médica já relaciona diversas doenças ao uso desses dispositivos, desde cardiovasculares, pulmonares e a forte dependência química da nicotina. “Os DEFs têm uma capacidade de dependência mais intensa e mais rápida pela carga maior de nicotina e aditivos que o usuário inala e favorecem que a substância chegue de forma mais rápida e com mais intensidade ao cérebro”, alerta o médico.
Os efeitos do cigarro se dão em curto, médio e longo prazo. De forma estimada e a depender da quantidade de cigarros e tabagismo, após 15 anos de cessar o vício, a pessoa terá uma normalização das chances de ter doenças cardíacas e pulmonares, comparado a quem nunca fumou. O risco de desenvolver câncer nunca se iguala ao de um não-fumante, mas se aproxima. “Então, sempre é benéfico parar de fumar, independente de há quantos anos se faz uso do cigarro”.
Para largar o vício, três pilares são considerados fundamentais pelo pneumologista: o acompanhamento profissional, com visitas em prazos curtos; o uso da medicação, geralmente indicada e que aumenta em seis vezes a chance de cessar o vício e, por fim, a motivação do paciente. “Com essa conjunção de fatores, as chances de sucesso do tratamento são altas”, finaliza Henrique.