Prata da casa, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enfrenta denúncias formais de ex-servidoras de sua equipe, que a acusam de assédio moral e xenofobia. As queixas foram encaminhadas à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Comissão de Ética Pública da Presidência, e reveladas pelo jornal Estadão.
Conforme a publicação, o jornalista responsável pela matéria teve acesso a cinco denúncias, incluindo dossiês e gravações de reuniões internas, que também mencionam a secretária-executiva Maria Helena Guarezi, a corregedora Dyleny Teixeira Alves da Silva e a ex-diretora Carla Ramos. Os relatos incluem ameaças de demissão, tratamento hostil e cobranças excessivas.
Cida e Maria Helena, próximas da primeira-dama, enfrentam um ambiente de discrição no governo Lula. Nos relatos, Maria Helena teria manifestado racismo em uma reunião, enquanto Carla é acusada de gritar com subordinadas. A corregedora, segundo as denunciantes, se omitiu na apuração.
As queixas começaram após um desentendimento entre Cida e a ex-secretária Carmem Foro, que foi exonerada em agosto. Durante uma reunião, Cida fez comentários que foram interpretados como ameaças, enfatizando a hierarquia no ministério e a necessidade de respeitar sua autoridade.
As denunciantes também relataram episódios de isolamento político e cobranças por resultados em prazos curtos. Cida afirmou que sua gestão exigiria mais comprometimento e que as futuras secretárias teriam que se alinhar com suas diretrizes.
Além disso, foi relatado um episódio de racismo envolvendo Maria Helena, que teria feito comentários depreciativos sobre o cabelo crespo de Carmem Foro. A corregedora Dyleny Alves reconheceu a gravidade do assunto, mas as denunciantes sentiram-se desencorajadas a seguir adiante com suas reclamações.
As denúncias estão sendo analisadas pela CGU e pela Comissão de Ética, que atuam em sigilo. O Ministério das Mulheres defendeu que as acusações não têm “elementos concretos” e que não foram formalizadas nos canais de denúncia apropriados. A CGU, por sua vez, confirmou o recebimento das denúncias, que seguem sendo investigadas.
Falas de Cida
“Eu sei que todo mundo diz que sou uma ministra de gabinete, que ninguém tem acesso, mas é uma mentira”, rebateu Cida, no encontro. “A pessoa mais fácil sou eu. Agora, é verdade que minha agenda é um inferno.”
A ministra insistiu no respeito à hierarquia e disse que as secretarias funcionam como “mini ministérios”, sem prestar contas a ela e que, muitas vezes, as secretárias ficavam “bravas”, se cobradas. Ela falou na necessidade de novas regras de conduta e que “cobraria mais” do que vinha cobrando e que a futura secretária faria uma reformulação.
“Enquanto eu estiver ministra, na minha sala, enquanto estiver no meu cargo, estiver aqui dentro tenho autoridade de ministra, tenho que ser respeitada nessas condições… Até o Lula me demitir, é essa a condição que eu estava. Estou falando tudo isso para a gente começar a reorganizar nossa vida a partir de agora. Eu vou cobrar mais do que tenho cobrado, vou exigir mais do que tenho exigido”, disse a ministra.
“Passei um ano deixando nas mãos das secretárias… Eu vou precisar me meter mais. E se for preciso sair na carne, vai sair qualquer uma. Já disse isso mesmo para todas elas. Até dia 31 de dezembro de 2026, esse mistério vai fazer entregas e quem vai estar nele para fazer as entregas depende de quem tem condições políticas, vontade política para fazer as entregas junto conosco.”