Em uma entrevista sensível e sincera ao The Intercept Brasil a professora Emy Matheus dos Santos, de 25 anos, anunciou nesta terça-feira (25) que pediu licença da escola municipal onde trabalha, em Campo Grande. Ela mencionou que tem enfrentado uma onda de ódio, especialmente após uma postagem do deputado federal Nikolas Ferreira (PLMG) e aqui começou com os transfóbicos João Henrique Catan (PL) e Rafael Tavares (PL).
No entanto, diferente do que Tavares propagou, que ela foi afastada após ofício enviado por ele, o pedido de afastamento foi feito pela própria Emy, que sente medo de sair de casa para trabalhar.
Emy, que se identifica como “mulher travesti”, recordou o início dos ataques em 11 de fevereiro. Ela explicou que a própria escola havia solicitado uma atividade lúdica para o retorno dos alunos, permitindo que os professores se fantasiem para tornar a experiência mais divertida.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram a interação lúdica realizada com alunos de sete anos, sem qualquer conotação sexual ou desrespeito da parte da professora, que estava vestida de boneca Barbie.
Contudo, Emy relatou que, após compartilhar em suas redes sociais a preparação e a dinâmica pedagógica com os alunos, começou a ser alvo de transfobia e ódio. Embora já estivesse recebendo críticas, a situação se agravou após a postagem do deputado bolsonarista, que questionou: “Por que nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Por que é sempre para crianças?”
“Não posso mais sair de casa sem medo”, desabafou a professora. Ela também comentou que está afastada da escola por questões de segurança e revelou que pais de alunos foram até a unidade para criticá-la.
Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) para confirmar o afastamento e entender como a escola e a secretaria estão lidando com a situação.