A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) anunciou, neste sábado, sua decisão de retirar a candidatura à presidência do Senado Federal. Em um discurso emocionado no plenário, ela enfatizou a importância de um Senado que se aproxime da população, que seja eficiente e representativo, especialmente para as mulheres brasileiras.
Em 2019 a então Senadora Simone Tebet (MDB/MS) também tomou a mesma decisão. Hoje, Simone é ministra do Governo Lula. Tanto Simone quanto Soraya foram candidatas a presidência em 2022, ganhando protagonismo importante sobre mulheres no cenário político.
“Todos nós sabemos o quanto nosso trabalho é relevante. No entanto, muitas vezes, a Dona Maria, a Dona Ana e o Seu Zé lá fora não têm clareza sobre nossas funções,” declarou a senadora, ressaltando a desconexão entre o Congresso e a sociedade. Soraya citou dados que ilustram essa realidade: “70% do eleitorado não consegue lembrar em quem votou para senador, e um terço da população reprova o Congresso.”
A senadora explicou que sua decisão não se trata de desistência, mas de uma estratégia. “Sozinha, não conseguiria implementar as mudanças que defendo. Mas, unindo forças com outros líderes que compartilham esses ideais, podemos construir um Senado mais forte, respeitado e representativo,” enfatizou.
Soraya também abordou a histórica sub-representação feminina nas lideranças do Legislativo. “Em 200 anos, nunca tivemos uma mulher na presidência do Senado – nem na Câmara. E, ao analisarmos as mesas diretoras, é raro ver mulheres em cargos de destaque. Isso não é apenas uma questão de presença, mas de voz,” destacou. Para ela, a falta de representação feminina afeta diretamente a criação de políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres e, por consequência, das famílias brasileiras.
Além de defender a paridade de gênero, a senadora ressaltou a importância da independência entre os Poderes, um tema central em sua atuação. “Se não tivermos uma relação independente e harmônica entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, conforme prevê a Constituição, nunca seremos respeitados,” afirmou, sublinhando que o momento político atual demanda responsabilidade e compromisso com a democracia.
Soraya fez um apelo ao novo presidente eleito do Senado, Davi Alcolumbre, pedindo que ele cumpra os compromissos firmados com a Bancada Feminina e as propostas de sua candidatura. “Deixo aqui essa solicitação de forma firme e pública, e confio plenamente que o senhor se dedicará para torná-la realidade,” disse.
A decisão de retirar a candidatura ocorreu após conversas com lideranças partidárias e com o apoio da presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu. “Essa movimentação já gerou debates significativos que contribuirão para um Senado mais transparente, eficiente, justo e representativo do povo brasileiro,” concluiu a senadora.
Soraya Thronicke reafirmou seu compromisso com o Mato Grosso do Sul, estado que representa no Senado, e com a luta por um país mais justo e igualitário. “O Mato Grosso do Sul, as mulheres que enfrentam desafios diários e todos os brasileiros que pagam impostos merecem um Senado que realmente os represente. Essa tem sido minha missão nos últimos seis anos, e sempre será minha prioridade.”