O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma crítica indireta após Fernanda Torres, 59 anos, se tornar a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro. A atriz conquistou o prêmio por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, um filme dirigido por Walter Salles que se passa durante a ditadura militar.
Sem mencionar Torres ou a obra de Salles, Bolsonaro insinuou que o governo Lula tem priorizado recursos destinados à Lei Rouanet em vez de investir na infraestrutura do país. Em seu perfil no X, ele compartilhou um vídeo de dezembro passado, onde um homem critica a “indústria das balsas” em Goiânia e a Rouanet.
“O investimento em infraestrutura é rejeitado pela gestão Lula e, curiosamente, nunca foi cobrado por governantes anteriores. E a Rouanet?”, escreveu o ex-presidente. Nos comentários, apoiadores de Jair reforçaram as críticas à lei de incentivo fiscal para a cultura, enquanto outros publicaram fotos de Torres com seu Globo de Ouro em tom provocativo.
Contudo, apesar da alfinetada de Bolsonaro, “Ainda Estou Aqui” não recebeu recursos da Lei Rouanet. O filme de Walter Salles não tinha permissão para captar verbas dessa lei devido a uma proibição específica.
Desde 2007, a Lei Rouanet não permite o financiamento de longas-metragens de ficção. A legislação foi alterada para que apenas “obras cinematográficas de curta e média metragem, além de filmes documentais” possam captar recursos pela Rouanet.
Esse não é o caso de “Ainda Estou Aqui”, que tem 2h19m de duração. O filme, protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello, gerou polêmica principalmente por abordar as atrocidades da ditadura, incluindo o sequestro e assassinato de civis. O deputado federal Mário Frias (PL-SP), que nega as torturas desse período, também criticou o filme e a conquista histórica de Torres para o Brasil.