A placa “Aldeia Pirakuá a 16km” mostra a distância entre a rodovia que liga Antônio João a Bela Vista até a comunidade indígena. Percorrendo estrada de terra e algumas porteiras, chega-se à sala de aula onde os sonhos estão se tornando projetos reais.
Entre os dias 18 e 23 de novembro, 25 indígenas, entre homens e mulheres do povo guarani e kaiowá, de diversas idades, se tornaram alunos e protagonistas de suas histórias durante o Empretec Indígena. Realizado pelo Sebrae em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cidadania, esta é a segunda edição do programa voltado especificamente aos povos originários.
Empreendedorismo na Sala de Aula
Nas paredes da sala de aula, planos de negócios são descritos passo a passo para cada uma das seis empresas que estão nascendo ali. Tem desde marmitaria, mercearia, peixaria e frutaria à venda de mel. Ideias que vão ganhando corpo e, seus fazedores, autoestima para se enxergar como empreendedores.
Transformando Realidades
Francisco Júnior, facilitador do Empretec há 31 anos, destacou a capacidade dos indígenas em aproveitar a natureza ao redor da comunidade. “Aqui eles têm uma terra muito produtiva e uma vontade muito grande para que isso aconteça. Com o seminário Empretec, já conseguimos fazer com que muitos deles mudassem suas atitudes,” afirmou.
Histórias de Sucesso
Valmir Franco, agente de saúde, transformou sua paixão pelo artesanato em um negócio. “Eu queria um cocar e não tinha dinheiro para comprar. Paguei uma mulher aqui da aldeia para me ensinar, e hoje estou fazendo e vendendo,” disse Valmir. “A partir do dia que comecei o Empretec, já mudou. Daqui para frente, tenho a vida inteira como empreendedor.”
Raquel Escalante, de 19 anos, e mais três colegas criaram a “Peixaria dos Amigos.” O negócio não ficou apenas no papel, com o peixe assado na folha de bananeira à lenha como prova. “O Empretec ajudou muito nós a conhecer bastante de revenda e negociação,” disse Raquel.
Cidadania e Inclusão
Fabison Marques Ireno, cacique da Pirakuá, ressaltou a importância do Empretec para a comunidade. “A Pirakuá sempre pareceu esquecida. Trazer o Empretec para a comunidade é colocar a aldeia no centro das atenções,” disse.
Fernando Souza, subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, comemorou o impacto da iniciativa. “O Sebrae vem exatamente aprimorar essas tecnologias, no sentido de dar autonomia e qualificá-los para fazer desse potencial um instrumento de geração de renda,” explicou.
Futuro Promissor
Os próximos seminários ainda estão sendo desenhados pela Secretaria de Estado da Cidadania junto ao Sebrae, com a previsão de realizar, em 2025, Empretec não só em comunidades indígenas, mas também quilombolas de Mato Grosso do Sul.