Em meio a polêmica com mães atípicas e reclamações sobre tratamentos, a Prefeitura de Campo Grande traz um avanço significativo para a inclusão e acolhimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foi inaugura hoje (22) a primeira sala sensorial em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Brasil.
Cerimônia aconteceu na UPA Universitário, como parte do Projeto “TEAcolher”, em ação por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
De acordo com as informações o projeto tem como objetivo garantir um atendimento humanizado e inclusivo para pacientes autistas e aqueles com deficiências ocultas.
Já no local, Josimara Pasfolini Ribeiro Reis, que é mãe de um adolescente autista, expressou sua satisfação com a iniciativa. “Essa é uma das nossas maiores lutas: um acolhimento diferenciado. O projeto veio ao encontro da necessidade de um espaço adequado para o atendimento do autista que não está em crise, mas que precisa de cuidados rápidos e humanizados”, afirmou.
A mãe atípica Ariane Balençoela, que também é mãe de um filho autista, destacou a relevância da sala na unidade de saúde. “É muito importante termos isso na rede pública, pois as crianças autistas muitas vezes não conseguem esperar e uma sala como esta é fundamental para acolher essas mães e seus filhos”, disse Ariane.
Desenvolvimento do Projeto na UPA Universitário
A sala sensorial foi projetada pela designer de interiores e médica Fernanda Daniela, que enfatizou a importância da neuroarquitetura para atender às necessidades desse público. “Trabalhamos com cores suaves e móveis seguros para criar um espaço que regula os estímulos sensoriais dos pacientes, proporcionando um ambiente acolhedor e seguro”, explicou.
Os brinquedos presentes na sala foram cuidadosamente selecionados para atender às necessidades das crianças neurodivergentes. “Todos os brinquedos são feitos de produtos naturais, madeira, com pintura não tóxica e cantos arredondados, garantindo a segurança das crianças”, destacou Fernanda. Além disso, a sala foi projetada para que os cuidadores e familiares também possam ter seu momento de atenção enquanto as crianças permanecem em um ambiente seguro e controlado.
De acordo com o CDC (Center for Disease Control and Prevention), um caso de autismo é identificado a cada 110 pessoas nos Estados Unidos, sugerindo que cerca de 2 milhões de brasileiros podem ter TEA. Em Campo Grande, essa estimativa pode chegar a aproximadamente 8,9 mil pessoas.
Projeto “TEAcolher”
O “TEAcolher” é um projeto pioneiro que visa atender pacientes com Transtorno do Espectro Autista e outras deficiências ocultas, oferecendo um espaço adequado e acolhedor. A sala projetada proporciona um atendimento humanizado e adaptações às necessidades sensoriais dos pacientes, atendendo pessoas de todas as idades.
Os profissionais de saúde que atuam na UPA Universitário também passaram por capacitação focada na neurodiversidade, garantindo um atendimento de qualidade. O projeto tem planos de expansão, com a próxima fase prevista para as unidades PAI/CRS Tiradentes e Coronel Antonino, com o objetivo de abranger todas as 74 Unidades de Saúde da Família de Campo Grande.
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, ressaltou a importância desse avanço. “É essencial que as equipes estejam alinhadas e motivadas a seguir as diretrizes propostas. Receber uma sala como esta, moderna e equipada, é uma honra para nós”, concluiu.
O que são os TEAs?
Os Transtornos do Espectro Autista são condições que impactam a comunicação, comportamento social e interesses, manifestando-se na infância e podendo persistir na adolescência e na vida adulta. O apoio adequado é fundamental para que as pessoas com TEA possam viver de maneira plena e digna.