Pesquisas eleitorais são estudos realizados para medir a opinião pública sobre candidatos, partidos e temas relacionados a uma eleição. O objetivo é captar as intenções de voto dos eleitores, identificar tendências e avaliar a percepção da população sobre os concorrentes e suas propostas.
Especialmente em Campo Grande, essas pesquisas causam burburinho e disputas acirradas entre narrativas. Os “torcedores”, e não os eleitores, têm em mãos um combustível para discutir à vontade nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais.
Neste segundo turno, os jogos já começaram.
Foram dois levantamentos divulgados nos últimos dias. O primeiro, da Ranking Brasil, traz a candidata do União Brasil, Rose Modesto, com 46% das intenções de voto, à frente da prefeita Adriane Lopes (PP), que aparece com 34% no levantamento estimulado.
São 12 pontos de diferença, que, mesmo dentro da margem de erro de 2,2% conforme o levantamento, não chegam a se aproximar uma da outra.
Esses resultados destoam significativamente dos da Paraná Pesquisa, divulgados nesta segunda-feira (14) pelo Correio do Estado.
Nesse caso, Adriane Lopes registra 48% das intenções de voto, enquanto Rose Modesto obtém 41,6%. Aqui, a margem de erro é quase o dobro, de 3,8%, o que, segundo o levantamento, força um empate técnico entre as duas candidatas.
Mas quais são as análises e por que pesquisas tão diferentes?
A pesquisa eleitoral é considerada um retrato do momento, pois reflete as intenções de voto e a opinião dos eleitores em um determinado período. No entanto, é importante entender que essas pesquisas capturam apenas uma instantânea da realidade política, e os resultados podem mudar rapidamente devido a vários fatores, como debates, eventos políticos, mudanças nas campanhas e a percepção pública das candidatas e suas propostas.
Além disso, as pesquisas têm uma margem de erro, que pode afetar a precisão dos resultados. Por isso, é essencial interpretar os dados com cautela, levando em conta o contexto em que a pesquisa foi realizada e a metodologia utilizada.
“Ah, mas pesquisa não muda voto de eleitor.” Calma lá, porque fora da bolha o cenário é diferente.
Nas pesquisas, temos o “efeito de bandwagon”, que é quando um candidato é mostrado como líder nas pesquisas. Assim, alguns eleitores podem ser levados a votar nesse candidato, acreditando que ele tem mais chances de vencer. Este fenômeno social e psicológico, onde a popularidade percebida de um candidato pode sim atrair mais votos, explica por que se investe tanto em pesquisas.
Portanto, mesmo que estas sejam ferramentas valiosas para entender o cenário eleitoral, as pesquisas não garantem resultados futuros, servindo mais como uma indicação das tendências e sentimentos dos eleitores no momento em que foram conduzidas.
Entretanto, é preciso olhar tudo com muita cautela. A premissa para quem estuda o assunto é que confiar em uma pesquisa eleitoral sem ler o caderno completo pode ser arriscado.
Mesmo que os resultados resumidos possam fornecer uma visão geral, existem fatores que podem influenciar a interpretação dos dados. É preciso estar atento à metodologia: como foi conduzida, o tamanho da amostra, o método de coleta (presencial, telefônico, online), o período em que foi realizada e a margem de erro.
O contexto político e social no momento da pesquisa pode afetar as intenções de voto. Mudanças rápidas, como eventos políticos ou a quantidade de apoios recebidos pelas duas candidatas, podem não estar refletidas em resultados que parecem desatualizados.
Aliás, esse foi um dos fatores que, em uma análise fria, colocaram Adriane em primeiro lugar no primeiro turno do pleito. Ninguém contava com isso, né?
Ainda há a questão da segmentação por região ou outros fatores, e essas informações podem ser importantes para entender as nuances das intenções de voto. Há bairros em que a prefeita está melhor posicionada e outros em que Rose Modesto teve uma votação melhor. E sim, essa coleta de dados interfere no resultado.
E aí vem ele, o queridinho das tretas políticas: os resultados.
O pulo do gato é que esses resultados podem ser apresentados de maneira a enfatizar certos aspectos, e uma leitura completa do caderno permite uma análise mais crítica e informada.
Pesquisas eleitorais, em sua essência, devem medir as intenções de voto e a opinião pública, e não induzir o eleitor a votar em um determinado candidato.
Neste segundo turno, o jornal A Onça tem como linha editorial divulgar todas as pesquisas, sempre com o foco de que é importante que os veículos de comunicação e os institutos de pesquisa apresentem os dados de forma clara e objetiva, sem manipulações ou interpretações tendenciosas que possam induzir o eleitor.
É fundamental que os eleitores façam suas próprias análises e considerações ao decidir em quem votar.
Se no primeiro turno vimos pesquisas eleitorais para todos os gostos, nesta fase do pleito, a crença é que tanto institutos quanto veículos de mídia terão mais cautela ao divulgar seus levantamentos.
Se bem que isso não muda muito, porque toda eleição as pesquisas continuam sendo um combustível para alimentar as tretas entre os torcedores e a reflexão dos eleitores.